terça-feira, 21 de novembro de 2017

Só versos

Versos soltos que nem o silencio precede o esporro eu sou aquilo que te causa mal estar aquilo que somente a noite vc vai lembrar qndo estiver apenas vc e o travesseiro enquanto vc pensa na filha da vizinha que só tem 10 anos e mal tem seios e que vc diz que já tem cara de safada mas vc reconhece a sua própria imundice por isso diz isso mas nunca em voz alta... eu sou o nó da gravata o incomodo do trabalho forçado que pelas notas vc faz mas pra me ouvir n se da nem ao trabalho eu sou o barulho do comprimido caindo na bebida da menina que mais tarde seria violentada e vc não a avisou mas a chamava de amiga eu sou o espaço vão daquela encoxada que você me deu achando que eu não sentiria nada mas eu sinto, sinto muito! pelos seios mutilados das mulheres que contra a ditadura foram luta hoje eu luto eu sou o momento silencio de cada um dos seus surtos segurando a garrafa, com a promessa de que rasgaria minha cara eu sou o soco de cada baque dado em minhas costas já tão cansadas as lágrimas escondidas num pano de prato das vozes gritadas, ofensas endereçadas, dos corpos sem abraços eu sou aquilo q antecede o estupro do colinho do tio, dos cinco caras me coagindo no terreno baldio do choro que ninguém viu do banho que não me limpava. Do medo que eu sentia do despertador da sala da tua tortura com hora marcada eu sinto nojo das suas cantadas o momento reprise de cada vez que eu já fui xingada sua vagabunda, recalcada. eu sou o vômito daquela noite que vc se esfregou em mim e disse: calada! eu sou o medo baixinho, o corpo encolhido a culpa invadindo eu sou as vezes que disseram que eu estava mentindo eu sou a morte em vida eu sou todas as vezes que alguns de nós presenciou um crime e preferiu virar a esquina...
Alguém me ajuda..
mas naquela noite, não tinha ninguém na rua

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