Versos soltos que nem o silencio precede o esporro
eu sou aquilo que te causa mal estar
aquilo que somente a noite vc vai lembrar
qndo estiver apenas vc e o travesseiro
enquanto vc pensa na filha da vizinha que só tem 10 anos e mal tem seios
e que vc diz que já tem cara de safada
mas vc reconhece a sua própria imundice
por isso diz isso mas nunca em voz alta...
eu sou o nó da gravata
o incomodo do trabalho forçado que pelas notas vc faz mas pra me ouvir n se da nem ao trabalho
eu sou o barulho do comprimido caindo na bebida
da menina que mais tarde seria violentada e vc não a avisou mas a chamava de amiga
eu sou o espaço vão daquela encoxada
que você me deu achando que eu não sentiria nada
mas eu sinto, sinto muito!
pelos seios mutilados das mulheres que contra a ditadura foram luta
hoje eu luto
eu sou o momento silencio de cada um dos seus surtos
segurando a garrafa, com a promessa de que rasgaria minha cara
eu sou o soco de cada baque dado em minhas costas já tão cansadas
as lágrimas escondidas num pano de prato
das vozes gritadas, ofensas endereçadas, dos corpos sem abraços
eu sou aquilo q antecede o estupro
do colinho do tio, dos cinco caras me coagindo no terreno baldio
do choro que ninguém viu
do banho que não me limpava.
Do medo que eu sentia do despertador da sala
da tua tortura com hora marcada
eu sinto nojo das suas cantadas
o momento reprise de cada vez que eu já fui xingada
sua vagabunda, recalcada.
eu sou o vômito daquela noite que vc se esfregou em mim e disse: calada!
eu sou o medo baixinho, o corpo encolhido a culpa invadindo
eu sou as vezes que disseram que eu estava mentindo
eu sou a morte em vida
eu sou todas as vezes que alguns de nós presenciou um crime e preferiu virar a esquina...
Alguém me ajuda..
mas naquela noite, não tinha ninguém na rua
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