terça-feira, 21 de novembro de 2017
Muleke de favela
Sabe aquele moleque que na escola ninguém gosta? eu conheci ah tempos atrás, eu trombei um na minha trajetória. menino talibã mesmo, envolvido em várias fitas. até as tias tinham medo dele do tipo terrorista. ele não era paga-pau, até o pátio ele roubava, já fez muito civil e GM passar mal. De todos já tinha ouvido a sentença "a polícia ainda te mata" mas ele ria, parecia que não tinha medo de cadeia. alucinado, sempre tenso. ele não abria margem a conversa. Eu conheci desde pequeno moleque que nunca soube o que era a tal da vida correta. os anos passaram, ele crescia, o sistema engoliu. se fosse pra eu chutar, arrisco dizer que até na cara da morte ele ainda riu. os aplausos vieram, falaram-se muito, fez-se o grande circo. sorrisos descontraídos, parece que todos se esqueceram que ele ainda era menino. A justiça da rua denovo se fez, mas não foi juiz nenhum que novamente decidiu dessa vez. troca de tiro, revide, o fato é que morreu freguês, quem me contou a história disse que não tava lá, então eu não sei. O que eu sei é que enquanto muitos dormem aliviados, eu vejo a polícia fechando o circo é pro nosso lado, afinal ele foi só mais um dos 5 ou 6 que já mataram por aqui. prisão por flagrante ou chacina? está difícil discernir. em ano que status é self com a polícia, pergunto-me até onde eles iriam pra ser sempre a foto do dia. eu não consigo achar bonito jovem morrendo de tiro, eu tenho consciência de que algo passou batido. eu nunca olhei nos olhos daquele menino. Eu eu consigo achar bonito jovem morrendo de tiro, nem o que foi roubado nem o que roubou. Eu tô falando é de criança e adolescente, tem coisa errada, abre essa cabeça por favor. constituição político deve pegar e limpar a bunda, enquanto o pobre paga na ruas resquícios da ainda viva ditadura. crime praticou, eu sei, mas o que todo mundo aqui prioriza não é o cumprimento da lei?! pena de morte só existe pra pobre, enquanto filho de rico embriagado atropela e mata, isso pode? Mas enfim, aquele menino sabe, que eu tava contando, durmo sabendo que dificilmente alguém já havia perguntando: ei moleque qual que era o seu sonho?
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