terça-feira, 27 de março de 2018
Ela
“Meu Deus olha só como é a vida,
mesmo ela se estragando… até que continua bonita,
mas essa combinação de roupa não sei de onde que ela tira.”
“A gente tinha que ir lá, vestir ela um dia.”
“Com certeza, ia ficar linda demais,
Mas ela não deixa, ela fala que tem ideais.
Parece que ela quer ser feia
Parece que é isso que ela faz.
Bom mesmo ia ser se ela deixasse essa bagunça pra trás.”
Bagunça? Meu bem você nem sabe quanto tempo eu fico em casa escolhendo o meu traje
Cada ponta da minha roupa é muito bem pensada
Pra quem sabe apreciar uma beleza não tão padronizada
Pode me chamar de louca e sair dando risada
Mas quem não é louco nesse sistema não tá entendendo nada
E com esse meu jeito esquisito, acham até que eu quero ser mais que os outros
Mas meu bem há muito tempo que eu já superei isso
Eu fico muito bem, eu mesma sozinha comigo
Hoje em dia eu me olho no espelho e eu sorrio
Meu Deus, mas como é lindo esse meu estilo
Tenho que tomar cuidado pra não acabar como Narciso
Porque eu me amo tanto que é até um perigo
E esse seu olhar na rua não mexe mais comigo
Travesti não é bagunça, já dizia Luana Muniz
E eu nem sou travesti, mas essa frase me faz feliz
“Eu não to bagunçada meu amor, eu me arrumei durante horas
Não é só porque você não gosta, que eu não sou uma mulher vaidosa”
Então dá licença meu bem, não mexe em mim e não me toca
Que eu fiquei muito tempo no espelho querendo encontrar eu própria
E agora que eu encontrei eu não largo mais a mão
PUTA QUE O PARIU, COMO É BOM EU MESMA!
Não se perde na missão
Porque eu gosto de mim, mas tem muita gente que não
Então eu sigo na rua, segurando meu coração
Porque tem muito machista e idiota de plantão
E talvez eu acabe, eu e o meu traje, sangrando no chão
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